Monólogo sem fala.

sábado, 9 de março de 2013


Quarta-feira, duas horas da manhã, meia xícara de chocolate quente (agora frio), coração angustiado. Deixei rolar pelo fone de ouvido uma lista antiga de músicas enquanto insistentemente eu me forçava a sentir sono. Nada. Preciso parar de beber tanto café. 
Desisti de tentar dormir, observei meu quarto, preciso colocar tanto coisa em ordem. Fechei os olhos. Foi então que senti meu peito ser esmagado por uma música, torturante, nossa. Cerrei os lábios na falha tentativa de não chorar quando o refrão começou ''Então, me diz alguma coisa, bate aqui de madrugada, pra lembrar daquele tempo''. Durante os minutos seguintes eu desejei com toda a minha força por uma ligação sua, uma mensagem um sinal de fumaça ou qualquer coisa que pudesse nos reaproximar de novo, por algo que pudesse trazer de volta aquela nossa velha história sem pé nem cabeça que eu tanto gostava de contar e recontar ao mundo como se fosse um filme repetitivo da sessão da tarde, desses que a gente não cansa nunca de assistir.

Enquanto Armandinho embalava a minha luta para não derramar nenhuma lágrima eu quis voltar no só pra sentir seu hálito de tridente intense, seu cheiro forte de homem, seu pegada de cafajeste. Ansiei ouvir mais uma vez seu papo de conquistador barato, sua boa lábia sussurrada em meu ouvido, suas frases de impacto decoradas para ganhar essa disputa do amor. Você me ganhou.
Senti falta da esperança de um dia ter você pra mim, de ver o sonho virar realidade, de viver aquele script que eu montei pra nós. Enquanto a música ia chegando ao fim desejei que essa garota que agora ocupa o lugar que por direito devia ser meu não existisse, como se fosse ela o problema de nós dois nunca termos dado certo.
Tola. A questão não é ela, somos nós. Quando o quebra cabeça tá errado as peças não encaixam. Simples. 
Ouvi a música acabar sendo tomada por uma dor exaustiva. Sem mensagens, sem ligações ou sinais de fumaça. Lavei o rosto, sequei a alma e para não esquecer deixei anotado ao lado da xícara suja: ''Preciso dar um jeito no meu quarto, preciso dar um jeito na minha vida. Tá na hora de apostar em um jogo que dê certo''. A(dor)meci.




Autora: Gabriela Freitas, 17 anos. Autora do blog: http://denovomaisumavez.blogspot.com.br/


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